1 de fev. de 2013

Straight Out Of Hell (2013)

Antes de tudo eu vou lhes contar o que acontece na cena metal atual. Como se sabe, vivemos em uma seara que é extremamente saudosista e nomes como o Helloween recebem muita atenção até hoje, mesmo não produzindo álbuns espetaculares ou inovando.

Isso joga os grupos que são o futuro do gênero para escanteio, pois preferem fazer matérias e entrevistas falando de bandas como o Helloween ao invés de mencionar as novas caras do gênero.

A nova vanguarda do metal moderno, entretanto não vive só de pensamentos nobres como esse, alguns deles tem um ódio cego do saudosismo e qualquer coisa nessa linha, lhes embrulha o estômago.

O Helloween virou então para essa galera um verdadeiro saco de pancadas e seu novo disco foi recebido com olhares altaneiros por alguns. O que é uma grande vergonha, já que dar valor as bandas que serão o futuro, não significa que devemos menosprezar os grandes mestres do gênero, que inclusive inspiraram as novas bandas.
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Helloween estava devendo, seu último disco empolgou muito pouco e muitos o consideraram no máximo um disco bonzinho, pouco para uma das bandas de metal mais adoradas pelo público brasileiro. Eu mesmo ao saber da noticia desse novo disco, não me entusiasmei nem um pouco, entretanto me propus a ouvi-lo.

Ao ouvir os primeiros trechos de "Nabatea" fiquei impressionado com a qualidade da música, muito potente e com um refrão simples mais efetivo. "World Of War" era um daquelas faixas velozes que nós fãs de power metal nos habituamos a ouvir, sem abrir mão do peso a banda nos apresenta uma ponte muito boa que descamba em um daqueles refrões bem cantantes.

O que se percebe desde primeira música é que o grande mérito desse disco é o fato da banda não abrir mão do peso, o que impede as músicas de ficarem diluídas e açucaradas em excesso, o que não combinaria com o tom delas. Essa é um lição que muitas bandas cópias do Helloween deveriam aprender, já que existe uma porrada de bandas de power metal com sons extremamente diluídos que em nada lembram a potência de seus mestres.

Mesmo na melódica "Live Now" onde os teclados dão um clima eletrônico para a música, o peso permanece lá dando a força necessária a música. É o caminhão de hits não para, temos ainda as excelentes "Far From The Stars" e "Burning Sun", a primeira mostrando o Helloween buscando influências nas músicas aceleradas do Stratovarius sem perder sua essência (o solo da música é bem humorado, coisa típica do grupo) e a segunda com uma performance excelente de Andi Deris.

Alias eu não me lembro de ter visto uma performance tão inspirada do Andi Deris como nesse disco, sua voz combina muito bem com o peso adicional que a banda colocou nesse disco, as passagens melódicas são cantadas sem nenhum problema e as notas agudas lhe saem facilmente. E ainda conta com o apoio de ótimos coros que o ajudam nas partes mais "fofas" do refrão.

Depois desse inicio arrasador que prometia um novo clássico do power metal, vem a primeira balada, "Waiting For The Thunder, que até passa, mas a chatíssima, "Hold Me In Your Arms", puxa o disco lá para baixo. O álbum volta ao normal com a boa "Wanna Be God", mas é com a faixa-título que o disco dá aquela guinada de volta para o surpreendente inicio.

"Asshole" é uma música diferente, com uma presença marcante do baixo , riffs monolíticos, um teclado martelando motivos no fundo e um refrão que explora com criatividade as linhas melódicas e onde fica marcado um jogo na voz de Andi Deris em que se explora partes mais melódicas e outras mais agressivas. Ótima Faixa.

"Years" também tem influências do Stratovarius, mas dessa vez essa inspiração soa genérica e o refrão é a única coisa interessante na música. "Make Fire Cathc The Fly" e "Church Breaks Down" fecham o disco e se a primeira é uma faixa bem legal a segunda é apenas boa.

Confesso que fui surpreendido por esse novo disco do grupo e cheguei a imaginar em algum momento que ele seria um dos melhores desse ano, entretanto o excesso de faixas prejudicou o disco que ficaria excelente se excluísse algumas, a impressão que temos é a mesma que o Ricardo Seelig descreve: "Algumas composições são totalmente dispensáveis e nunca deveriam ter visto a luz do dia, passando a impressão de estarem no tracklist apenas para completar a duração de um CD".

Esse é o grande mal do disco, pois o torna longo demais e dificulta a audição do mesmo. Entretanto especialmente pelo inicio arrasador e por outras músicas muito bacanas espelhadas ao longo do disco, o recomendo e afirmo que esse é um dos melhores discos da fase recente do grupo.

Nota: 8 ********

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