20 de mai. de 2012

Audição de música

Eu sempre digo que a música não foi feita para qualquer um, as pessoas precisam ser pacientes ao ouvir uma música, e se necessário ouvi-las mais de uma vez a fim de degustar por completo o seu conteúdo. Nós que ouvimos Heavy Metal conhecemos muito bem aquelas músicas que melhoram a cada audição ou aquelas que você no inicio nem repara e só ouvindo outra vez você saca que ela é muito boa.

Em estilos simplistas como o Funk Carioca ou o Electropop isso nem é necessário visto que as músicas possuem pouca ou nenhuma profundidade apresentando batidas que se repetem durante toda a música sem variar e uma excessiva repetição de refrão. Nesse caso uma audição já é o suficiente para degustar a música como se você tivesse ouvido ela 4 vezes seguidas.

No mundo da Ópera esse entendimento é muito importante, pois muitas de suas melodias mágicas levam certo tempo para serem totalmente percebidas pelo ouvinte, isso sem falar que além da melodia tem que se levar em conta a interpretação imposta pelos interpretes na mesma ária. Por exemplo a Norma da Callas e bastante diferente da Norma da Sutherland, pois uma interpreta dando foco ao drama e a outra a perfeição da coloratura.

Muitas das minhas músicas preferidas não me agradaram na primeira audição, e isso serviu de lição para mim e quero que vocês compartilhem desse pensamento, pois a impaciência nos impede de conhecer e perceber muita coisa boa. O problema é que hoje os jovens e adultos querem prazer imediato só que a música não foi feita para proporcionar isso, música não é algo descartável como um bombom que você come enquanto assiste televisão totalmente distraído.

Música é algo feito para a pessoa sentir, você pode se mexer e bater a cabeça a vontade desde que você consiga absorver toda ou boa parte de seu conteúdo. Nem sempre se consegue ficar sentado quietinho, eu por exemplo para ouvir Jazz, lavo a louça ou estudo matérias que exigem cálculos, assim consigo absorver boa parte do seu conteúdo mais até do que se eu estiver sentado e quietinho.

Cada um tem o seu jeito de ouvir música e não me cabe dizer qual é o jeito correto para isso, escolha o seu desde que ele realmente funcione. Agora uma verdade, é muito difícil você prestar atenção em uma música se você esta conversando com alguém ou estudando para uma matéria teórica que exige atenção, nesses casos ou você privilegia um ou não vai fazer nada direito.

Algumas músicas exigem um ambiente calmo para serem ouvidas como a Ópera, Música Clássica, New Age, Música Atmosferica e o Doom Metal. Outros estilos como Death Metal independem do ambiente em que você esteja.

Depois desse prefacio vamos a lista de músicas que eu ouvi pela primeira vez e não gostei, mas com o tempo elas acabaram se tornando músicas que eu considero excelentes:

Unleashed, Quietus, Cry For The Moon, Monopoly Of Truth, Design Your Universe (Epica)
Lost In Cold Dreams, Frozen Tears Of Angel, Holy Thunderforce, The Village Of Dwarves (Rhapsody)
Frozen, Dark Wings, Memories, All I Need, The Howling (Within Temptation)
Nova Era, The Course Of Nature, Arising Thunder (Angra) Heroes Of Our Time (Dragonforce)
Conquer All, Lucifer (Behemoth) My Apocalipse, I Will Live Again (Arch Enemy)
Downfall (Children Of Bodom) Progenies Of Great Apocalypse, The Serpentine Offering Dimmu Borgir
Eagleheart, Black Diamond (Stratovarius) Nemo, Wish I Had An Angel, Bye Bye Beautiful, Planet Hell
(Nightwish), The Number Of The Beast (Iron Maiden), Warcry (Outworld), Any Means Necessary
(Hammerfall), Armageddom (Primal Fear) The Ripper, Victim Of Changes (Judas Priest) I Want Out
(Helloween) Emphasis (After Forever) I Feel Immortal, I Walk Alone (Tarja) Fullmoon (Sonata Arctica) Slavocracy (Samael) Our Truth, Closer (Lacuna Coil), Symphony of Destruction (Megadeth),
One (Metallica)

Estão ai alguns exemplos que eu lembrei  de músicas de heavy metal apenas, porque se eu fosse incluir ópera e outros gêneros a lista cresceria muito. Até as próximas discussões

16 de mai. de 2012

Três Maratonas



1ª Origens do Symphonic Metal com vocais femininos até os dias de hoje
2ª Clássicos de Alfred Hitchcock
3ª Série Celtics x Sixers e o que vier após dessa

10 de mai. de 2012

Dark Princess - The World I've Lost (2012)

Me desculpe Rubens, mas The World I've Lost não é uma boa surpresa. É uma surpresa excepcional.


The World I've Lost tem uma sonoridade difícil de definir. Enquanto você vê claramente um som "metal sinfônico" em muitas das músicas, em outras o que você vê é uma mescla de rock com metal bem descarada. E incrivelmente cativante. E é justamente esse o principal diferencial desta banda russa formada em 2004, o Dark Princess. Obviamente não fica por aí.

A novata (nem tanto, pois já está na banda desde 2008) vocalista Natalia Terenkhova dá uma aula de feeling impressionante, os arranjos eletrônicos são sutis e só acrescentam positivamente ao som do álbum e a coesão do trabalho mostra como ele foi muito bem composto e produzido. Mas o destaque desse álbum é realmente como eles usam do metal sinfônico e do rock em favor da sonoridade deles e não o contrário.


The World I've Lost é um álbum que demorou 5 anos para ser lançado (Жестокая Игра ("Jogo Cruel"), o álbum anterior deles, foi lançado em 2007), ou seja, um bom tempo para trabalhar nas músicas e para acostumar a nova vocalista, já que Olga Romanova (a vocalista anterior) saiu da banda em 2008). E é bom ver que esse tempo foi muito bem usado (já que tem bandas que tem muito mais tempo para desenvolver um álbum e este fica bem aquém das expectativas (não sei porque lembrei do Guns 'N Roses agora...) e o álbum ficou impecável, trazendo uma sonoridade incomum para bandas rotuladas (erroneamente, claro) como "metal gótico".


A mistura de rock com metal desse álbum é algo impressionante e que dá ainda mais força e intensidade ao som do álbum. Exemplo bem claro dessa "mistura explosiva" é a segunda faixa do álbum: We Can Not Fly So High, que é a síntese perfeita da proposta do álbum. A banda mistura o metal sinfônico (visível nos arranjos da música) e o rock (representado nos riffs de guitarra que são o "fio condutor" da música), destoando assim da maioria das bandas de metal pseudo-gótico, que, ou seguem a linha "bela e a fera" do Tristania por exemplo, ou seguem a linha metal alternativo soturno do Lacuna Coil. E, claro, como bem notou o Rubens, a voz da vocalista ajuda muito nessa diferenciação com aquela voz de cantora pop dos anos 90.


Esse álbum é cheio de influências de estilos diferentes de metal e rock. Fieds Of Use é uma música mais próxima do metal sinfônico, enquanto a já citada We Can Not Fly So High é mais próxima do hard rock e tem até o celtic metal de Paradise Land. A banda consegue unir todas essas infuências distintas em sua sonoridade de uma maneira coesa e com o toque pessoal da banda. E é justamente esse o destaque do álbum: sua sonoridade ímpar.

 Realmente, caracterizar esse álbum simplesmente como metal sinfônico é preguiça e ignorar a sonoridade ímpar dessa banda, já que não seria mentiroso classificá-lo até como rock, apesar de ser mais justo classificá-lo como metal sinfônico por esse gênero ser o denominador comum de suas músicas.


The World I've Lost é um álbum singular que merece ser ouvido sem preconceitos, nem comparações com outras bandas de metal sinfônico. É um álbum excepcional em sua proposta e execução, e eu não me surpreenderia se acabasse como um dos melhores álbuns do ano.
 Lista de Músicas:


1. Fight With Myself
2. We Can Not Fly So High
3. Fields Of Youth
4. The Key
5. Everlasting Pain
6. Paradise Land
7. Point Of No Return
8. The Temple Of Darkness
9. The Last Page
10. The Way Of Passion


Nota: 9,5

6 de mai. de 2012

Jack White - Blunderbuss (2012)

Jack White impressiona em um álbum que mistura as raízes do rock ao blues e até uma pitadinha (bem de leve) de rap.




Jack White tornou-se conhecido pelos riffs poderosos (e um tanto quanto excêntricos) do White Stripes, que arrebanhou fãs tanto de rock alternativo e indie (pela seu experimentalismo escancarado), quanto de rock mais tradicional (pela sua pegada blues). Também tornou-se conhecido pelos vários projetos paralelos ao White Stripes, como o Raconteurs, Dead Wheater e até mesmo a ótima música de abertura do filme 007 Quantum Of Solace: o dueto com a cantora pop Alicia Keys em Another Way To Die, que mostram a versatilidade e o talento de Jack White, que mesmo fazendo tantos trabalhos distintos, consegue mantê-los coesos e com identidade própria.

Em Blunderbuss (2012) não é diferente. Jack White toma o blues e o rock como base para fazer história. Em seu mais novo álbum, White alterna riffs de guitarra à garage rock dos anos 60/70 com belas melodias em piano. O rock visceral de Sixteen Saltlines é de deixar qualquer fã do já citado garage rock empolgado com sua guitarra suja e ritmo contagiante. Do lado mais agitado (e com mais pegada rock) do álbum, vale a pena destacar Freedom At 21, I'm Shakin' e Trash Tongue Talker. Já na parte mais calma, os destaques vão para Love Interruption, Blunderbuss (que tem um quê de música country, o que, nesse caso, não é nada ruim) e a bela Hypocritical Kiss.

O experimentalismo desse álbum é extremamente de bom gosto e muito bem dosado para formar um álbum coeso (o contrário do que acontece com a maioria das bandas que usam do experimentalismo em suas músicas), nem de longe vemos excessos que comprometem as músicas. Ao contrário, tudo se funde bem e colabora para o clima. Por exemplo, as linhas country de Blunderbuss (a música), amplificam o "clima de interior" da música e o estilo falado de cantar parecido com o que os rappers fazem combinam perfeitamente com clima de Freedom At 21.

Blunderbuss é uma das grandes surpresas do ano, com certeza um dos melhores álbuns lançados até agora. Merecidamente estreou em 1° na parada musical mais famosa dos EUA, a Billboard 200 (ao contrário da maioria do álbuns que consegue isso hoje em dia). Enfim, Blunderbuss mostra que o rock está muito longe de estar morto como muitos pensam e que ele está se reinventando, apesar da mesmice do rock alternativo e indie de hoje em dia.



Lista de Músicas:


1. Missing Pieces
2. Sixteen Saltlines
3. Freedom At 21
4. Love Interruption
5. Blunderbuss
6. Hypocritical Kiss
7. Weep Themselves To Sleep
8. I'm Shakin' (Rudy Toombs)
9. Thrash Tongue Talk
10. Hip (Eponymous) Poor Boy
11. I Guess I Should Go To Sleep
12. On And On And On
13. Take Me Whith You When You Go

Todas as músicas compostas por Jack White, exceto quando indicado.

Nota: 10,0

Dark Fate Of Atlantis


Eles voltaram, a banda mais pomposa do mundo voltou depois de fazer sua divisão binária e formar dois novos "Rhapsodys". Luca Turilli fez um clipe de uma das músicas pertencentes do seu novo CD, Ascending To Infinty, a "Dark Fate Of Altantis".

A nova música do Rhapsody segue os esquema dos últimos dois discos do grupo, ou seja uma canção carregada de fortes sinfonias que parecem provir de um OST apocaliptico, mais peso, influência nítida do Prog Metal. O novo vocalista tem um excelente registro central e bons agudos, o que faz com que esse não fique devendo nada a Fabio Lione.

O refrão foi muito bem sacado, e Luca Turilli mostrou que ainda está afiado nos solos. Ricardo Seelig provocou na Collector Room dizendo que não tem mais saco para tanta informação em cinco minutos e perguntou se nós ainda tínhamos.

A minha resposta pelo menos é que eu sempre vou ter saco para ouvir o Rhapsody, a banda que me introduziu ao Heavy Metal e que pelo mesmo motivo tem um lugar especial nas minhas audições e memória afetiva. Seria legal perguntar para os caras que começar a ouvir rock com AC/DC, quando eles vão enjoar da banda visto que essa também nunca muda?

E quem disse que o Rhapsody nunca mudou? Basta ouvir os últimos discos dos italianos e compara-los com os primeiros para você ver o quanto o grupo mudou. Para finalizar desejo boa sorte ao novo Rhapsody e quero muito ver como ficou o outro lado da banda.

2 de mai. de 2012

Bela Surpresa!


Como todos sabem, eu sou um grande conhecedor do Symphonic Metal, e recebo muitas perguntas sobre bandas desse estilo que dão mais foco a parte instrumental e o peso do mesmo. O grupo que ilustra o post vem da Rússia e se chama, Dark Princess, e chamou minha atenção inicialmente pela bela capa do seu novo disco denominado The World I've Lost.

Eu baixei o disco pensado que o mesmo teria sonoridade parecida com grupos como Draconian, Tristania e Within Temptation nos primeiros álbuns, principalmente por causa do rotulo "Gothic Metal", também cogitei ouviu um som clichê parecido com o último disco do Sirenia, mas por sorte o que ouvi é completamente diferente.

O que inicialmente diferencia o som dos russos do restante das outras bandas da cena é a voz da nova vocalista, Natalia Terekhova, que debuta no grupo justamente nesse disco. Ela entra totalmente desinibida, arrasando em linhas vocais potentes e melodiosas, o controle do melisma é exemplar.

O fato do timbre de voz dela remeter a cantoras pop dos anos noventa é um ponto a favor num gênero saturado de cantoras líricas. Esqueça os vocais guturais que sempre ouvimos nesses discos, aqui eles são substituídos por belas linhas vocais limpas do tecladista Exumbra.

Classificar a banda como Symphonic Metal seria muito preguiçoso, pois apesar de haver influencia do gênero no som do grupo essa sonoridade é apenas complementar ao som do grupo.

O som do Dark Princess possui mais enfase em riffs de guitarra e em belos arranjos acústicos de violão, a cozinha apenas cumpre seu papel, e o teclado não assume o protagonismo como na maioria das bandas do gênero.

A introdução discreta de elementos eletrônicos é muito bem vinda pois os mesmos aumentam ainda mais o naipe de surpresas do disco. A maioria das bandas de Symphonic Metal dá pouco foco na guitarra o que já torna o grupo diferente dos demais, mas aqui também há um grande uso de passagens acústicas que não me remetem a nenhuma banda.

Recomendo a audição desse grupo principalmente para aqueles headbangers que pensam que o gênero se limita ao Doom Metal Sinfônico com vocais "bela e a fera" dos anos 90 ou ao sinfônico que o Nightwish praticou ao longo de sua história.