8 de jun. de 2012

Coluna do Pop: MDNA (2012)

Vivemos em um mundo que a música é tida como morta, pois de acordo com os melômanos nada que presta toca nas rádios. Ano passado entretanto com o surgimento da Adele e com os bons discos lançados por Lady Gaga e Beyoncé essa linha de pensamento começa a ficar questionável.

Madonna sempre aparece na mídia seja pela sua posição de rainha do pop, pelos seus namorados acéfalos, por suas posturas de defesa ao mundo gay ou pelo envelhecimento que a mesma tenta trapacear.

Mas hoje vamos focar na única coisa que importa para os melomânos, a música. MDNA é o décimo segundo disco de Madonna e logo de cara podemos notar o quanto a Ascenção da Lady Gaga influenciou no trabalho da mesma.

Madonna assim como Lady Gaga fez em Born This Way, aposta em elementos de eurodance contrapostos a ritimos eletrônicos tradicionais e retrôs para dar maior fluidez e variação as passagens eletrônicas que consistem no principal recurso melódico da Madonna.

O disco abre com "Girl Gone Wild" e seu refrão matador, a estrutura da faixa parece uma mistura de Daft Punk, Eurodance e a própria Madonna. o disco segue com "Gang Bang" e "I'am Addicted" que mostram uma curiosa influência de grupos como Kraftwerk, e mostram que a Madonna pode ser tudo menos acomodada em relação a sua própria sonoridade.

"Turn Up The Radio" é uma faixa excelente que mostra como as incursões no eurodance soaram bem nesse novo disco, ao mesmo tempo a faixa nos remetem aos bons discos que Madonna gravou no passado. Madonna visando agradar gregos e troianos decidiu gravar "Give Me All Your Lovin" com a presença das horrorosas Nick Minaj e M.I.A para assim estabelecer uma ponte entre o Mainstream e o Underground, o resultado acaba sendo satisfatório devido a coesão dos elementos que curiosamente combinaram com o estilo da Madonna.

E a partir da boa "Some Girls" que o disco dá uma leve decaída com a fraquíssima  "Superstar" que  me lembra uma faixa da Alexia que provavelmente você já ouviu, caso contrário relembre aqui. Apesar da batida bacana no inicio, a canção "I Dont Give A" é uma faixa irregular e a presença da Nick Minaj seria totalmente desnecessária se não fosse sua frase final que parece ser uma resposta aos detratores da Madonna. O fim de "I Dont Give A" é uma das coisas mais absurdas que eu já ouvi, a última vez que tinha ouvido algo tão estranho foi na faixa "Government Hooker" do Born This Way.

O disco dá uma bela guinada na sensacional "I'm a Sinner" uma faixa que mostra como ser retrô sem soar antigo, o que é bem interessante, pois quantos conseguem fazer isso? Outra coisa que eu acho bastante  interessante é como transformar uma canção bonitinha como essa em uma coisa tão profana quanto um Black Metal.

E não é que eles repetem a dose na excelente "Love Spent"? Música que usa excelentes recursos melódicos na sua construção, entre eles um violão acústico. Mas seu auge mesmo se dá no meio da música em que Madonna aliada a atmosfera cria um dos melhores momentos do disco e isso tudo acaba servindo de ponte para o excelente refrão.

Estou fazendo uma resenha e até agora não falei nada da cantora, estranho não? Pois bem, Madonna, possui um belo timbre e uma voz de timbre agudo que resplandece juventude, o que me deixa muito curioso para ouvi-la ao vivo e ver como é a voz dela naquelas condições.

O disco fecha com duas baladas, a eletrônica "Masterpiece" e a bélissima "Falling Free" que fecha o disco de uma excelente forma e é também a melhor atuação vocal da Madonna no disco.

Madonna sofreu algumas críticas que soaram muitos estranhas aos meus ouvidos; reclamaram que Madonna está querendo soar jovem e que ela precisa amadurecer em sua postura e nas letras.

A questão é que a música da Madonna é isso. Sua música é descontraída e jovem desde que a mesma despontou no cenário e eu adoro a suas letras bobinhas e divertidas, pois quem disse que só letras que abordam problemas socias ou que tem como base textos eruditos ou referencias cults são legais?

Como diria o mestre do impressionismo francês, Debussy, "A música não precisa fazer as pessoas pensarem... basta fazê-las escutar" e é isso que a música da Madonna simboliza: diversão descompromissada só que diferentemente do que a maioria das pessoas acredita, é possivel fazer isso com qualidade.

Tome como base o Helloween,Gamma Ray ou caso você não curta a vertente Power Metal os grupos de Hard Rock que em canções com letras bobinhas e bem acessíveis conseguiam produzir faixas bem legais.

Desmerecer Madonna porque a mesma se mostra com atitude bem jovial é um argumento bem fraquinho, visto que em toda a discografia dela a postura sempre foi essa, porque mudar? Madonna como vocês já leram não opta pela inovação propriamente dita, mas MDNA apresenta um conjunto de novas ideias a maioria interessante e outras nem tanto.

Alias o que é ser madura? ser madura é optar por vocais mais graves, fazer letras sérias, canções menos divertidas e com maior profundidade melódica? o que simplesmente pode ser traduzido como a perda total da identidade da artista, e se eu quisesse ouvir isso procuraria outro artista, pois o mundo está cheio disso.

O que está faltando no mundo hoje são canções com letras divertidas e de qualidade, e é exatamente essa a proposta do novo disco da Madonna, que mesmo depois de anos de carreira ainda consegue fazer  músicas simples, divertidas, bobas, inteligentes melodicamente, e de qualidade, coisas que muitos ídolos pop não conseguem fazer hoje em dia.

Nota: 8,5 ********1/2

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