19 de fev. de 2024

Meus Albuns favoritos de 2019

 1º Weyes Blood - Titanic Rising


A obra-prima de Weyes Blood que vinha de ótimos e intrigantes lançamentos foi meu álbum favorito de 2019, é algo entre dream pop e chamber pop com uma produção impecável que se torna ainda mais exemplar com os vocais incríveis de Natalie Laura que beiram o canto lírico. Avalie por si mesmo o que essa voz é capaz de produzir ouvindo canções como "Movies", "Something To Believe" e "Andromeda", apenas para citar alguns highlights do álbum


2º Sharon Van Etten - Remind Me Tomorrow

Saímos de uma obra-prima para falar de outra, Remind Me Tomorrow é o maior álbum da gloriosa carreira de Sharon Van Etten e a leva para outro patamar. Nesse álbum, Sharon Van Etten abandona em parte os instrumentos orgânicos que formavam seu indie folk inconfundível e investe em roupagem eletrônica e atmosférica que somada a sua visceralidade interpretativa criam um dos álbuns mais fortes da década passada.

Remind Of Tomorrow é o divisor de águas na discografia da cantora, "Jupiter 9", "Hands" são canções em que o som eletrônico distorce e cria uma atmosfera opressiva e nunca vista antes nas músicas da cantora, "Comeback Kids", "No One's Easy To Love" mostram a sensibilidade da cantora em criar hits synthpops e ,por fim, "Seventeen" é a música definitiva de coming of age da primeira juventude para os 30 anos.

 

3º Angel Olsen - All Mirrors

Angel Olsen é um camaleão sônico, capaz de se adaptar a qualquer gênero, se em My Woman (2016) a guitarra cantava solta em composições de indie rock de tirar o fôlego e no futuro comporia o álbum quase definitivo no indie folk e country, Big Time (2022), aqui estamos diante de um dos maiores representantes do gênero confusamente conhecido "art pop", esse gênero que une ao pop elementos sinfônicos e alternativos do dream pop, trip hop, indie pop, trilha sonora, dentre outros.

A riqueza estética marca esse álbum da Angel Olsen, são arranjos ríquissimos e belos que transportam o ouvinte para uma dimensão intima da interprete. Desafio o ouvinte a não ser arrastado pela grandiloquência da faixa-titulo ou pela delicadeza de uma "New Love Cassete" com seu romantismo potente.


4º Michael Kiwanuka - KIWANUKA


Ser um dos maiores soulmans da sua geração não é uma coisa que iria satisfazer um cantor genial como Michael Kiwanuka, se ele lançou alguns dos maiores álbuns do new soul da década passada com uma sensibilidade que incluia a folk song nas suas composições, aqui o ativismo racial marcante faz com que ele adentre ainda mais elementos de funk, rap e afrobeat em canções de soul poderosas.

KIWANUKA definitivamente é a obra-prima da carreira do cantor inglês, eu ainda não fui capaz de superar a pungência de uma canção como "I've Been Dazed", nem mesmo os instantes finais de "You ain't the Problem" com seu delicado sintetizador, são momentos como esses que elevam um álbum para além de algo bom para o status de obra definitiva.


5º Jamila Woods - Legacy! Legacy!

Estamos falando de um álbum em celebração a excelência negra do século XX, XXI e Frida Kahlo por uma das representantes mais refinadas do movimento R&B alternativo da década passada, que no entanto não tem medo de passar pelos elementos mais fundamentais da música negra como o rap, hip hop, soul, funk na construção de um som intrincado.

É difícil não se emocionar com as rendições que ela faz para homenagear cada uma das figuras destacadas no álbum, meu destaque vai para Basquiat e Eartha.


6º Candlemass - The Door To Doom


 É uma delícia ver uma banda veterana como o Candlemass com bala na agulha depois de 11 álbuns lançados e sem a necessidade de provar mais nada a ninguém. A verdade é que esse é um dos melhores álbuns de 2019, mostrando as ligações da sonoridade doom metal com o heavy metal tradicional, e o que dizer do solo do Tony Ionmi em "Astorolus - The Great Octopus"? que delícia.

 

7º Julia Jacklin - Crushing


Aqui nasceu minha obsessão com a Julia Jacklin e suas composições eivadas de uma sinceridade poética impressionante, o que dizer de alguém que é capaz de confessar seu horror a pressão para festejar com uma leveza ímpar? ("Pressure To Party") Ou de dizer como as palavras xoxas de alguém querido podem fazer toda aquela empolgação inicial morrer? (Turn me Down) e é possível amar alguém sem as mãos e oferecer apoio incondicional?

Porém a pergunta que fica é se é possível continuar te amando depois de te conhecer tão bem? (Dont Know How to Keep Loving you), um hino para se cantar a plenos pulmões enquanto dirige para o horizonte, e cantar a plenos pulmões eu fiz. Sobre a sonoridade, se trata de indie rock com folk delicioso.


8º Hands Habits - Placeholder


Se no álbum que comentamos anteriormente nós tínhamos uma positividade sincera e delicada, em Placeholder a melancolia toma de conta, mas é uma melancolia deliciosa guiada pela voz de Meg Duffy que é penetrante como uma adaga de gelo.

O conjunto de canções é muito forte, faixas como "What Lovers Do", "Placeholder", "Wildfire" variam entre a delicadeza da interpretação de Meg Duffy a intensidade máxima de alguém que vive com apenas metade do pedaço de um coração pode proporcionar.

Esse é o álbum perfeito para ouvir no dia dos namorados como pessoa solteira.

 

9º Lana Del Rey- Norman Fucking Rockwell

 

Esse álbum não estava originalmente no meu top 10 de 2019, mas passados quase cinco anos que a Lana Del Rey lançou Norman Fucking Rockwell está claro que naquele momento ela despontou para um status superior na música pop, deixando de ser uma cantora indie adorada por um séquito de fãs fiéis para uma das maiores notas da história da Pitchfork para um álbum vocalizado por uma mulher.

A verdade é que esse álbum é completamente coeso em sua proposta estética e narrativa, Jack Antonoff limpou a casa para que a voz éterea e monotom da Lana pudesse brilhar em faixas excelentes, com destaque para a viagem psicodélica em Venice Bitch, uma das maiores composições da carreira da Lana Del Rey.

Em termos vocais temos aqui o auge de amadurecimento da Lana Del Rey, se em alguns momentos de gravações anteriores parecia se estar ouvindo uma inteligência artificial de primeira linha, aqui cada trecho é pontuado por vocalizações profundas e poderosas que animam letras que já viraram clássico, como trechos de "Fuck It I Love You" e "Cinnamon Girl".

O álbum mais uma vez segue uma linha melancólica com raros momentos de alegria que são reforçados por uma narrativa imagéticamente bem construída e consistente. É o que conhecemos da Lana lapidado na última essência.


10º Jenny Lewis - On The Line



Fico aqui pensando que a Jenny Lewis poderia ser um personagem do universo da Lana Del Rey, temos aqui uma mulher ruiva obcecada com a sonoridade country folk e com old hollywood que são homenageados ao longo das composições de On The Line

A verdade é que Jenny Lewis é um outro tipo de cantora, elegante, que aposta numa sonoridade orgânica e organização impecável para nos transportar para esse cenário mágico onde a melancolia da lugar a uma bela nostalgia.

Esse álbum me traz muita alegria, é maravilhoso ver uma cantora tão segura das suas habilidades e composições tão ricas e ao mesmo tempo agradáveis, mesmo cantando sobre desperdiçar a Jenny Lewis aborda o tema com tanta leveza que é contagiante e o que dizer das onomatopeias irresistíveis?

Muito feliz em ter a Jenny Lewis no meu top 10 


Menções mais que honrosas

 

11- Soen -Lotus


 Soen foi uma das obsessões no heavy metal em 2019, é uma espécie de prog metal que transita oras para o rock progressivo e outras para um metal experimental, é difícil comparar com qualquer coisa. Acho que são os vocais limpos e cristalinos que ajudam a dar coesão para um som que é bastante intrincado e complexo, quase sem refrões, exceto para a incrível "Covenant".

Na verdade, aqui tem tudo que eu amo no Heavy Metal.


12º Billie Eilish - When We All Fall Asleep, Where Do We Go?

Meu deus! o que dizer desse álbum que já não foi dito? É o verdadeiro sweep em todas as categorias do Grammy, um dos álbuns pop mais influentes da história, marco definitivo de uma geração, glitch pop chega ao mainstream?

Não há dúvidas que a produção desse álbum é cristalino como uma taça de vinho, mas Billie Eilish permite que todos os sentimentos mais intensos e antissociais possam virar música pop, abalando as bases do pop polido e comportado das divas pop que a precedem.

É algo novo, original, uma lufada de ar fresco que a Billie trouxe para a música mainstream, seu vocal pode não ser mágico como de outras divas pop, mas contém um aspecto sugestivo e melancólico que casa bem com as músicas apresentadas nesse repertório e hoje sabemos que seu poder interpretativo se extende para além das músicas do seu universo com sua contribuição em Barbie.

 13º Lizzo - CUZ I LOVE YOU!!!!


 Esse álbum é a vitória que precisavamos, o feminismo gordo estava com tudo no mainstream e a responsável era uma cantora de pop soul com uma voz potente capaz de animar um estádio inteiro. Lizzo é um colosso vocal e esse álbum é uma delícia do início ao fim que só fica melhor se voce ler as letras empoderadoras e militantes da diva.

Tem gente que vai dizer que esse álbum não é tão bom pela sua simplicidade, mas quem disse que música precisa complicada, me entregue um delicioso R&B com vocais poderosos e refrões flamejantes e temos tudo que precisamos.

Esse álbum só não foi mais aclamado pelo azar de cair no mesmo ano em que Lana Del Rey e Billie Eilish estavam dando as cartas na música pop, mas foi o suficiente para colocar a Lizzo no mapa como uma das superestrelas do pop.

14º Yola - Walk Through Fire


 Vamos continuar com mulheres negras gordas e maravilhosas, Yola é um das melhores representantes do country soul que eu já ouvi, sua voz é tão poderosa e delicada que é capaz de ressuscitar os mortos. Foi aqui que conheci seu enorme talento em canções como "Lonely The Night" para se cantar a plenos pulmões, me emocionei com a faixa-título que fala das dificuldades de lidar com racismo e gordofobia e com a delicadeza e sofisticação que ela pode empregar a canções como "Rock Me Gently" e "Shady Grove"

Duvida? Abra seu aplicativo de reprodução musical e fique de queixo caído com os vocais poderosos da primeira faixa do álbum, "Faraway Look".

15º - Lacuna Coil - Black Anima

Não se engane com a posição desse álbum na lista, esse é um dos meus favoritos, eu cantei a plenos pulmões, eu fui na turnê, comprei camisa, realizei meu sonho de conhecer a banda e talvez seja um dos primeiros momentos que eu me conectei 100% a um show. A verdade é que 2020 tinha tudo para dar certo, mas não deu.

Sobre o álbum, Lacuna Coil até tentou se modernizar e soar como uma banda de new metal com elementos de gothic metal e industrial, mas apartir do Dark Adrenaline percebeu que o negócio mesmo era apostar em mais peso, mais escuridão, letras mais sinceras e potentes, e Black Anima segue exatamente esse caminho com vocais guturais de Andrea, riffs pesados e violentos e letras sobre saúde mental.

O que é "Save Me", "Veneficium"? Existe um dialogo mais honesto com a depressão e os sentimentos mais sombrios? E como essas canções são potentes no show, o vocal da Cristina Scabbia tem potência e peso para carregar essas melodias longe, é incrivel como o tempo só aperfeiçoou sua habilidade em sustentar essas canções poderosas.

16º Terno Rei - Violeta

 

Eu também possuo uma relação bem afetuosa com o Terno Rei, que em 2019 despontou como uma das melhores bandas de música alternativa do Brasil com seu deliciosamente melancólico Violeta. Esse álbum viraria um clássico instantâneo da banda com canções meio post punk como "Solidão de Volta", pitadas de dream pop e rock alternativo.

É um caminhão de hits, é muito feliz constatar como a banda foi bem sucedida em criar essa coesão musical, Violeta é um álbum que será lembrado por muitos anos e eu com certeza me diverti muito cantando as músicas a plenos pulmões nos shows do grupo em Brasília em 2022.

17º Brvnks - Morri de Raiva

 

Não é só gringo que sabe fazer indie rock delicioso de ouvir e aqui temos o adicional da raiva ser o elemento predominante no disco da Brvnks que deixa os garotos receberem toda sua ira num álbum que é tão bom que passa voando.

Também tive a oportunidade de prestigiar a Brvnks em sua turnê desse disco e que experiência divertida, como não sair cantando "Tired", música sobre ser amolado até perder a paciência", "Dont" que é sobre um rancor poderoso contra um menino que te trocou por alguém com "curly hair" que caia tão bem para tantos momentos.

Eu gosto da sinceridade de um trecho como "I can understand if you dont love me back but i hate you for that" e é exatamente isso que recebemos nesse álbum, não há pretensiosidade e locubrações, apenas riffs de guitarra e muita mágoa com a vida.

18º Hatchie - Keepsake

 

Ao longo desse texto me vejo profundamente desafiado em cada explicação de porque amo esses álbuns, como explicar o amor e a paixão que me desperta as batidas hipnóticas e a tensão em "Stay With Me" uma das minhas músicas favoritas da vida.

Para mim a Hatchie atualizou o amor que sentia pelo pop eletrônico da Katy Red adicionando a formula pitadas de dream pop e shoegaze e criando esse universo de música eletrônica tão delicioso, é tão bom poder ouvir boa música eletrônica com alguém que tem a sensibilidade pop lapidada ao máximo.

Eu gosto de algumas definições que a crítica deu:

Michael Watkins of Under the Radar called it "a record destined to sit at the beginning of a promising legacy in years to come, as Hatchie continues to create jangling sonic comfort food far into the future."

The Line of Best Fit critic Craig Howieson stated, "Keepsake has an inexplicable familiarity even as it bursts with new ideas. It is a document capable of throwing us into our own pasts, the perfect score for the movies we make in our minds."

LAura Dzubay of Consequence of sound wrote, "The industrial and atmospheric elements of the album all convey a sense of searching and often of rushing away from one thing and toward another. Even the blurred cover image of Hatchie suggests a feeling of constantly being in motion. It is through this searching and continual movement that Hatchie etches her own lines to define her persona through her music, constantly propelling herself and her ideas in new directions and trusting that we'll keep up."

 

19 Stella Donnely - Beware Of The Dogs

 

Em 2019 surgiu Stella Donelly como uma das grandes apostas do indie rock com sua belíssima sensibilidade musical e lírica, Beware Of The Dogs é um dos álbuns mais coesos e organizados que ouvi no ano.

Todas as canções invocam esse cenário indie com uma leveza e riffs muito bem colocados em conjunto com a voz inquisitiva e melodiosa nos questiona sobre comportamentos ligados a masculinidade.

Como não amar canções como "Tricks", "Mosquito" e "Boys Will Be Boys" todas destinadas a demonstrar o incomodo com os comportamentos mais tóxicos da masculinidade sem perder em nenhum momento as linhas melódicas, o que gera um certo contraste entre o tom girlie das músicas e as condutas repugnantes que estão sendo descritas.

Outro ponto de força do álbum para além da voz da Stella, é a sua capacidade de compor riffs marcantes que elevam o nível das canções

 

20 Carly Rae Jepsen - Dedicated

 

Carly Rae Jepsen deve ter ficado com as costas cansadas de tanto salvar o pop na década passada, Dedicated é a continuação do aclamadíssimo Emotion de 2015 e aqui a diva pop mostra que continua afiada na composição de música pop com sua voz que parece talhada precisamente para composições delicosas.

A produção polida e o electropop que acompanha os vocais de Carly dão a toada animada que esse álbum precisa. Falando nas músicas nós precisamos falar do mega hit que é "Everything He Needs"? Na verdade o sucesso desse álbum é que a Carly é uma erudita de música pop, aqui tem synthpop, bubblegum pop, dance pop, tudo que amamos ouvir em canções que descem muito bem.








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